sexta-feira, 22 de abril de 2011

A little Jazz...


Um dia desses, vi que alguém no Orkut havia se filiado a uma comunidade cujo nome é “Saudade daquilo que não vivi”. Para mim, a ideia do título desse grupo tem a ver com o que eu sinto quando penso naquela época em que pessoas como Louis Armstrong, Ella Fitzgerald, Chet Baker e tantos outros estavam na ativa. Nesse ponto, posso afirmar com segurança que tenho um espírito das antigas, uma alma que gosta desses elementos mais clássicos e que preza por uma certa maturidade, se assim posso dizer.
Digo isso pois, querendo ou não, gostar desses clássicos e de muitos outros requer amadurecimento, uma certa sofisticação, que creio não ser algo relativo tão-somente à idade (até porque já vi gente bastante jovem que tinha por esses artistas uma sensível admiração). O fato é que essa sofisticação nasce de um conhecimento, de uma experiência musical. Está, em suma, ligada a uma visão mais dilatada acerca da música em si.
É necessário caminhar por entre as florestas dos grandes acordes e conseguir atingir um certo patamar epistêmico para não ver nessa Old School uma velharia sem graça, como muitos creem falsamente. É necessário, nessa perspectiva, ser apresentado devidamente a esses clássicos para saber apreciá-los em sua completude. Por isso, felizes são aqueles, penso eu, que são apresentados desde tenra idade a esses docentes musicais... 
Como eu costumo crer, devagar, nos trancos e barrancos da vida, eu fui adquirindo (de fato, ainda estou) uma consciência musical mais ampla. Se antes eu não ligava muito para certas “tonalidades”, hoje vejo meu ser se comover sensivelmente diante de certos acordes, por isso falei em maturidade antes.
Eu não tive formação clássica, mas as coisas foram chegando até mim sem grandes atritos, e eu fui paulatinamente iniciando a evolução do meu gosto musical. Pelo menos para o meu caso, essa é a ideia: penso que estou começando a conhecer um pouco mais das coisas e fico feliz por tal fato. E como este é um espaço em que gosto de expor algumas coisas de que gosto, aqui estou, com o intuito de trazer um pouco de Jazz ao meu blog.
Não acho necessário pontuar muito acerca da necessidade do respeito aos diversos gêneros musicais que músicos por todo lado constroem. Quem me conhece sabe que eu prezo a tolerância e o respeito como valores fundamentais. Embora eu não goste nem um pouco de sertanejo universitário, axé, pagode, pop Gaga-Spears e coisas do gênero, eu realmente procuro respeitar quem gosta. Afinal, o mundo é amplo e há lugares para todos, certo? Mas, se posso falar de mim, acredito que, por ora, ser fã do velho e bom Rock, ser apreciadora da melancolia visceral do Grunge, da beleza abissal que brota das profundezas da Música Erudita, ser uma entusiasta da beleza da MPB e do Samba de Raiz, ser uma amante da “alma” sexy do Soul (que o digam pessoas fantásticas como o gênio Marvin Gaye), me comover com o Jazz e sentir aquele tom cinza descompromissado do Blues tingir meu coração... sentir e apreciar tudo isso está de bom tamanho para mim. Pensando nisso, por achar que outras pessoas podem se interessar por algumas coisas que aqui estão, deixando as pontuações acerca das minhas preferências musicais, pretendo hoje trazer ao Horas Sempre Absurdas dois artistas, cuja obra é fundamental para se compreender o grande edifício do Jazz.
Assim, sem mais delongas e sem tons educativos ou acadêmicos, gostaria de apresentar um pouco do Louis Armstrong e da Ella Fitzgerald para aqueles que porventura fazem nesse blog uma parada em dias de tormenta (ou não).
Meu intuito aqui é tão-somente uma breve apresentação de algo que eu penso ser muito interessante. Espero que quem for até o fim desse post possa ter uma ideia positiva acerca desses mestres do Jazz, pois eles são, indiscutivelmente, parte fundamental da essência desse ritmo encantador.

Considerado como a personificação do Jazz, Louis Armstrong ficou famoso tanto por sua voz exuberante, como por seus dotes como solista, com seu trompete. Eu até pensei em entrar em certos pormenores da vida desse grande músico, contudo deixo as informações mais profundas acerca da vida deste grande gênio por conta da curiosidade de cada um. Há sites que possuem um acervo riquíssimo acerca de sua obra, e ao final pretendo deixar o link do Wikipédia, para aqueles que ficarem com uma pulguinha atrás da orelha.
Embora eu não vá entrar na biografia desses músicos, vale salientar que, assim como a vida de muitos grandes artistas, a vida de Louis foi bastante conturbada, sobretudo sua infância. Contudo, ele conseguiu vencer as dificuldades daquela época e se tornou um dos maiores músicos de Jazz que nosso planeta já viu.
Se sua infância foi imbuída de fatos tristes, sua maturidade foi dotada de grandes conquistas. Nesse sentido, vale lembrar o ano de 1964, quando Louis atingiu um grande recorde de vendas. Sua música ficou em primeiro lugar no Top 10 da Billboard, fazendo com que ele, aos 63 anos de idade, se tornasse o artista mais experiente a conseguir tal feito, destronando os Beatles, que estavam naquele momento em 1.º lugar.
Antes de morrer, em 1971, Louis andou por vários continentes, divulgando sua obra, o que lhe deu a alcunha de "Embaixador Satch".
Fortemente influenciado por Martin Luther King, quanto ao tipo de música que tocava e em relação às letras, que eram muitas vezes sobre o racismo e a necessidade de acabar com esse preconceito, o grande Satch construiu uma obra em que a beleza, a crítica e a reflexão social davam as mãos para erigir pura arte.
Em 6 de Julho de 1971, aos 69 anos de idade, Louis Armstrong morreu de ataque cardíaco, em Corona, Queens, Nova Iorque – 11 meses após tocar o seu último solo na Sala Imperial do Waldorf Astoria. As suas últimas palavras foram: “I had my trumpet, I had a beautiful life, I had a family, I had Jazz. Now I am complete.” (Eu tive o meu trompete, uma vida linda, uma família, o Jazz. Agora estou completo.) E podemos acrescentar que o patrimônio musical da humanidade é mais completo e muito mais rico por conta desse gênio que viveu entre nós.
Durante sua vida, Armstrong tocou com inúmeras bandas e com grandes artistas, participou de filmes, criou discos majestosos sozinho e com outros grandes nomes. Nesse sentido, um disco com uma grande diva me faz trazer à tona aqui Ella Fitzgerald, a artista que eu também quero introduzir.
Não abordarei sua biografia, até porque há muita informação muito bem disposta por aí acerca dessa grande Diva. Mas, vale a pena salientar, para aqueles que não a conhecem muito bem, que esta grande cantora, Ella Jane Fitzgerald (25 de abril de 191715 de junho de 1996), ficou conhecida como a “Primeira Dama da Canção” (em inglês: First Lady of Song) e “Lady Ella”.
Notória pela pureza de sua tonalidade, sua dicção, fraseado e entonação impecáveis, bem como uma habilidade de improviso “semelhante a um instrumento de sopro”, Ella Fitzgerald é uma referência mundial para todos que gostam de boa música.

Depois dessas breves apresentações, deixo para todos que por aqui passarem, na voz do fantástico Louis, You go to my head. Escrita em 1938, a composição de John Frederick Coots e letra de Haven Gillispie é uma verdadeira conjunção de uma letra altamente sofisticada atada a uma harmônica e elegante estrutura musical. É, sem sombra de dúvidas, uma grande joia do Jazz. Espero que gostem.  Aliás, prestem atenção com carinho no solo inicial dessa peça musical: é I-N-C-R-Í-V-E-L!


Dando continuidade, deixo, na voz de Ella Fitzgerald, Cry me a river, uma canção popular, escrita por Arthur Hamilton e lançada em 1953.
Essa bela balada jazzy blues foi originalmente escrita para Ella Fitzgerald cantar no filme cujo cenário era a década de 1920, Pete Kelly's Blues, que estreou em 1955. Mas a canção foi cortada da produção. Então, Fitzgerald gravou a composição e a lançou em Clap Hands, Here Comes Charlie!, em 1961


E para fechar com verdadeira chave de ouro, deixo Summertime na voz desses dois gênios, sobre os quais tentei pincelar minimamente algumas coisinhas. Só a título de informação, essa canção foi composta por George Gershwin, para a ópera Porgy and Bess, de 1935. A letra é de DuBose e Dorothy Heyward e Ira Gershwin.
Com vocês, Summertime nas vozes de Louis e Ella. Enjoy it! =)


Para aqueles que desejam aprofundar mais a respeito desses dois grandes nomes do Jazz, seguem aí os links do Wikipédia:
 
Isso é o que dá bons papos na madrugada 
(são verdadeiros motores propulsores de reflexões). 
É tudo culpa deste mundo Almost Blue:
"You intoxicate my soul with your eyes"...