sábado, 23 de outubro de 2010

Folha ferida pelo vento


“Stay or leave
I want you not to go
But you should
It was good as good...goes
Stay or leave
I want you not to go
But you did”...
Dave Matthews




Desfalece com esperança de regeneração...
Fazia frio em ti, quando aquecida fora por longínquos ventos boreais.
Fazia frio em nós, quando caíste e levantada foste por rajadas de brisas outonais.

Folhas outonais, bordos sazonais
Que sangram ao pôr-do-sol.
Ecos de vozes rugem ao longe: caia, verde folha ferida pelo vento.

Foste fraca, quando tudo apenas parecia,
E não resististe... Suspiros juvenis em ti ansiavam por experiência.
Caíste, estranhamente, ascendendo-te.
Entanto, tu sabes: jovens suspiros não permanecem... Fluem simplesmente.

Brisas transmudam-se e tornados são, em pouco.
Folhas, então, caem e choram por ti.
Voltas e indagas: devo a ti reparação?
- Assumes a culpa que lhe pertence e recomeças... apenas...

Ventos sazonais se foram: são os extremos para ti.
A um só tempo, eis o inverno, eis o verão.
Folha ferida, outrora sacudida pelo vento, arde pelo frio,
E é levada por ventos gelados que de muito longe vêm...
Gelados, mas em brasa...

Aquecem-te e, ao nada, por nada, abraçam...
Sonham sonhos de ver sóis e estrelas, sem ventos, sem auroras.

Contudo, os brados ventos cessam; só a brisa bate à sua porta:
Eis uma dama descrente que senta e lhe faz companhia...
Sábia, mostra-lhe que perto e ao mesmo tempo tão longe ventos vãos são...

Por quanto tempo tu terás de ver lá fora bordos transmudarem?

São tantas folhas outonais e bordos sazonais
Que se regozijam ao pôr-do-sol...

Ecos tímidos sussuram ao longe: caia, folha outonal ferida pelo vento,
Esqueça e, simplesmente, renasça.

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